quinta-feira, 21 de abril de 2011

Encantamentos

Como era possível que ele questionasse toda nossa história só porque eu me tinha encantado com um certo rapaz? Em que momento um problema conjuntural abalava toda a estrutura? Ainda hoje pergunto-me, como era possível ele não ter notado que foi daquele encantamento que reafirmei todo meu amor por ele.

Não é que eu minimize o encantamento, a questão é que engrandeço demasiado o amor para permitir-me perder na fugacidade de uma paixão. As paixões servem para confirmar o amor, nunca para questioná-lo. O amor é tão maior que não se dobra a obstáculos. Resiste sempre se é amor.

Ele sempre fora o cerne da minha história apesar das minhas distracções. Isso, distracções. Não digo aqui que as paixões não fossem importantes, são-no na maior parte das vezes, o que digo e insisto é que o definitivo e o irrefutável era o meu amor por ele.

Na verdade, eu acredito que não existam pessoas totalmente fiéis. A fidelidade exige uma atitude endeusada, e nós não passamos de homens, ainda que tentemos ser correctos, não atingiremos nunca a perfeição, mas é no meio das nossas imperfeições que o amor se revela. E se formos capazes de encontrar esse amor, então não haverá paixão que o faça curvar.

Aprendi com o passar dos anos que o que se deve pedir a um ser semelhante é única e exclusivamente a lealdade.

Soube a muito custo que não era só pelos actos que se poderia ser infiel, mas até pelas omissões. As vezes sem mais nem porque sou impregnada brutalmente com o cheiro de um estranho pela rua, então penso, porque é que um perfeito desconhecido causou todo esse alvoroço em mim? E se ele voltasse e me olhasse? Sei lá. Trair é tão quotidiano que chega a doer.
Quem é que nunca desejou ser tocada por aquele galã de cinema?
Pois...
Aprendi a exigir só o que posso dar.



















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