sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O terceiro elemento

Estou com o coração apertado por ter de apartar-me de ti. Em outras circunstâncias eu acharia que uma temporada longe rejuvenesceria os nossos afectos, porém, agora, a situação afigura-se diferente porque os medos tomam conta de mim e dilacero.



Eu gostava do tempo em que confiava ser a tua pessoa, e acreditava não porque tu fazias por isso, mas porque eu sentia, como ja referi anteriormente sentir é a melhor forma de saber, e eu fiava-me nisso. Agora, por mais aturado que seja o meu exercicio nesse sentido, eu não consigo afastar da minha cabeça o terceiro elemento, aquele que tu juntaste a nós, não consigo. E isso, dá comigo em doida. Normalmente só sano esse sentimento quando estou contigo, perto, junto...E não vou estar. Ela vai estar. O que vai sobrar de mim?



Acredito que se tu decidiste impor-me esse facto e afecto novo é porque é de uma importância para ti e nada tem a ver com as questões sociais que insistes em referir. Até porque tu és de uma teimosia abstinada e só te envolverias querendo...



És capaz de perguntar-te porque falo nisso depois de termos estado tão bem toda semana, falo porque nunca fui esclarecida, nunca tive respostas, falo porque fui fraca e não resisti aos desejos da carne no momento em que deviria pôr minha cabeça a funcionar, falo porque doi-me ter sido preterida, falo porque sinto que faça o que eu fizer sempre serei essa mulherzinha que serve unicamente para alguns momentos fugazes...



Sei hoje que quero uma história partilhada contigo, sem furos, frestas ou escapes, quero que seja de verdade o que vivemos, quero ser capaz de ter um gesto contigo e estar certa de que o gesto é so para ti...quero a ti do antes dela...quero. Apesar de insistires que nada mudou entre nós. Digo-te eu, que mudou tudo, totalmente...Talvés porque tive de descobrir por mim...Talvés. Certo é que devias ter-me dito, preparado...Faz doer demais ter sabido assim!!!



Mentiria se te dissesse que não me esforço para esquecer-te quando não estou contigo, faço de um tudo para o efeito e ainda não tem resultado muito bem. Um dia vai. Vai porque o teu propósito era fazer-me sorrir, agora sorrio quando estou contigo, o resto de minha existência é pleno de medos que estejas com ela, e por consequência entristeço, literalmente.



E repare, não estou aqui a apelar-te para a deixares, falo só do que eu sinto. Amo-te e não nego. Tenho tudo para dar-te e se a minha vida servir para confirmar, leva-a, sou tua, completa e tolamente, por ora. Beijo-te apaixonada

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Vida minha



Faz tempo que não te escrevo. Sei. Presumo que preferi pronunciar meu afecto em gestos e reservar as palavras para mim. Também sei que em cada gesto meu transparecem palavras que calo.


Hoje, no entanto, decidi colorir teu dia com uma mensagem de afecto no gesto falho (não te vi). E este acto não tem nada de glorioso, tem mais desespero causado pela sensação de assumir que não te veja. Sinto tua ausência de forma particular, talvez porque logo cedo vi-me submersa em ideias que nos ligavam de alguma forma, recriei planos vezes sem conta na minha cabeça. E não era saudade, era mais vontade de olhar-te e ver-me no teu olhar.


Há uma certa segurança no teu olhar. Qualquer coisa doce, certa, como que a dizer que não nos devemos preocupar, que estas aí. Gostava eu, na minha possessividade de guardar esse olhar teu para mim, exclusivamente, mas sei que qualquer pessoa atenta nota esse olhar e tu passas a significar muito mais. Apesar de amar a tua boca suave, vezes sem conta é no teu olhar que me perco. Não necessariamente os olhos, mas o olhar.


Não me quero alongar, quero só dizer com uma certa urgência que vou cuidar de ti. Quero.


Beijo-te com a mesma urgência do cuidado.


Tua,


Sempre,


Eu.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Homens


São os animais que alimentamos especialmente para nos comerem a mão.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

morte lenta

Eis-me aqui novamente, no meu momento de reconhecimento. Onde confirmo que a minha escolha e todo meu investimento fora em vão. Apostara tudo que sou em ti. Quase recolhida a minha insignificância assumo, é um facto algo inquestionável, ainda assim, e estranhamente, a minha necessidade de ti ressurge impertubável. Sei bem no meu âmago que não é falta de coragem para arriscar outros abraços mais seguros, mais leais, é mais avalassador do que isso, colossal mesmo, que impede-me de ver outros caminhos senão o teu.

Continuo a precisar- te com a mesma ânsia de antes.

Mesmo cultivando o meu desprezo por ti.

Uma parte de mim, como que a seguir um método, chama-te.

E quando estou sozinha, nos encontros comigo, em silêncio, penso no tempo, adianto horas, empurro segundos, só para saber se ainda terei náuseas, essa dor física ao lembrar-me dessa impotência diante deste sentimento. penso.

Enquanto permanecer assim vou-te magoando a ver se vivo.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Sem ti eu sou uma casa e não um lar...Volta

Nunca acreditei muito na teoria de que o Homem tenha pisado a lua, se assim tivesse sido, sei que por essas alturas, com os avanços tecnológicos que se operaram desde 69, todos nós tivéssemos lá um pedaço de lua.

Mas hoje, enquanto pensava nisso imaginei que se tivesse que provar meu amor por ti eu seria de certo a primeira mulher a atravessar e comprar aquele pedaço de lua. Iria...Ainda que isso só me desse a garantia de que voltarias olhar para mim. Ia.

E só para que me voltasses olhar, com aquele teu olhar húmido e cheio de calor.
Creio que essa é mais daquelas impossibilidades possíveis do amor.




terça-feira, 17 de maio de 2011

superei-me

Hoje...Só hoje, fatalmente consegui resistir. Superei-me. Guardei-me. Expulsei de mim a necessidade primitiva de falar, de dizer, de explodir...reduzi-me a implosão. É mais doloroso sem dúvida, porque não partilhável. E é também nobre porque evita mágoas.

Assimilei que: "Quando falar não passa de uma repetição de nós mesmos melhor é calar".

Hoje, calei-me.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Escadas

Quanto mais cresço, mais percebo que sexo é instinto e por isso deve ocorrer em lugares inusitados.

Quando crescemos tentamos sempre impor mais religiosidade ao sexo, tornamo-lo um acto solene, que só pode acontecer numa cama ou num certo espaço com requisitos cuidadosamento seleccionados em que o mais importante são quatro paredes. Que ideia atroz!!! Sexo por natureza não se deve prever, tem de acontecer...Sem lugar e nem hora marcada...Sem cálculos.

E se for numa escada?

Tem sensação melhor do que a de ser penetrada por trás e a morrer de medo de ser vista por alguém? Não sei não! A adrenalina supera qualquer risco. É bom demais.

Presumo que muitos casais caem na rotina por assumirem que a menina e o menino neles deve morrer com o casamento...Urge cultivar o namoro com todas as suas impossibilidades. É necessário por um momento, imaginar que não se tem uma casa e seguir os instintos, virar primitivo.


terça-feira, 10 de maio de 2011

Ódio de estimação

Chego aquele ponto sem retorno em que ou é cair ou voar, penso!

Depois descubro que indepentemente de ser para a queda ou para o voo, encontro sempre um caminho para voltar para ti. Faço-o pessoal e conscientemente. Apercebo-me com relutância que mesmo que eu não queira, continuas a fascinar-me como nunca ninguém o fez.

Se olhares para mim, com olhos de ver, compreenderás que não sei ser sem ti, desaprendi a não ser fusão (a nossa) e cansei-me de insistir em cultivar forças para apartar-me de ti. Até porque não sei se há qualquer tipo de vida onde tu não existas.

Sei que é nos momentos que menos mereces, que eu mais te amo, até porque, é quando mais precisas, para permaneceres comigo. És sim o meu ódio de estimação, aquele que eu mais perservo.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Congelada

Hoje decidi congelar meu desejo. É uma escolha que faço e que assumo sem me importar mais. Parei o meu desejo direccionando a uma única pessoa, para não mais ter que ir embora, ou despedir-me de alguém. Já não estou em condições de suportar mais abandonos ou perdas. Quero algo que seja totalmente certo e irrevogável, tal como a morte.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

A voz

Eu hoje queria ser capaz de escrever-te baixinho, palavras que te tocassem, um toque de toda humanidade, que te dissessem que preciso de ti, de uma necessidade primeira, tal a de um recém nascido a mãe. Queria poder dar-me ao falar-te. No entanto, não passo de uma rapariga vulgar que se emociona quando pensa-te, que se desintegra quando está perto de ti e quase morre quando prende-te dentro dela.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Ao teste diário

Tentei criar asas em mim, porque muitas vezes penso que as pernas não me dão o equilibrio suficiente ou se calhar necessário para caminhar ao teu lado, contigo. Reaprendo a ser todos os dias para adequar-me a ti, e estarmos juntos.

E confesso,

Mudaria muitos aspectos da minha vida sem dúvida, mas é um processo tão moroso esse, que quando dou por mim, já voltei a falhar, a cair na tua escala. Contigo tenho a sensação de estar sempre em testes. E a reprovar repetidamente. Penso que não sei continuar a cair. Porque alguns pedaços de mim ficam grudados no chão. Não sei como ser....

A minha imagem fotografada por ti

Posaria limpa na tua foto, sem qualquer maquilhagem, sem nenhum tipo de photoshop, ainda que corresse o risco de me veres todas as manchas. Eram só teus olhos que eu queria que me olhassem para a moldura que prevaleceria para o futuro, para a aquela memória insusceptível a passagem dos tempos. Deviam ser sim, os teus olhos a desenhar-me nessa foto, como que a transcrever para o papel os sentimentos teus por mim. Seria a reprodução mais exacta, de mim. A tua óptica sempre foi melhor visão de mim, de certo.

Sensações vivas

Hoje, não sei bem porque, consigo sentir a densidade dos vazios se repetirem em mim ou talvés sempre tenham estado aqui comigo, mas que só agora acordaram e me acordaram para a sintonia ou para mera intromissão.

Não sei bem, sei só, que são sensações que gritam, que clamam por resoluções sejam de silêncio, de dor, de retiro... Sei lá, seja do que forem.

São sensações que grudam em todos os sentidos. É como se algo tivesse implodido em mim e estivesse prestes a transbordar. Não sei. Sensações.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Encantamentos

Como era possível que ele questionasse toda nossa história só porque eu me tinha encantado com um certo rapaz? Em que momento um problema conjuntural abalava toda a estrutura? Ainda hoje pergunto-me, como era possível ele não ter notado que foi daquele encantamento que reafirmei todo meu amor por ele.

Não é que eu minimize o encantamento, a questão é que engrandeço demasiado o amor para permitir-me perder na fugacidade de uma paixão. As paixões servem para confirmar o amor, nunca para questioná-lo. O amor é tão maior que não se dobra a obstáculos. Resiste sempre se é amor.

Ele sempre fora o cerne da minha história apesar das minhas distracções. Isso, distracções. Não digo aqui que as paixões não fossem importantes, são-no na maior parte das vezes, o que digo e insisto é que o definitivo e o irrefutável era o meu amor por ele.

Na verdade, eu acredito que não existam pessoas totalmente fiéis. A fidelidade exige uma atitude endeusada, e nós não passamos de homens, ainda que tentemos ser correctos, não atingiremos nunca a perfeição, mas é no meio das nossas imperfeições que o amor se revela. E se formos capazes de encontrar esse amor, então não haverá paixão que o faça curvar.

Aprendi com o passar dos anos que o que se deve pedir a um ser semelhante é única e exclusivamente a lealdade.

Soube a muito custo que não era só pelos actos que se poderia ser infiel, mas até pelas omissões. As vezes sem mais nem porque sou impregnada brutalmente com o cheiro de um estranho pela rua, então penso, porque é que um perfeito desconhecido causou todo esse alvoroço em mim? E se ele voltasse e me olhasse? Sei lá. Trair é tão quotidiano que chega a doer.
Quem é que nunca desejou ser tocada por aquele galã de cinema?
Pois...
Aprendi a exigir só o que posso dar.



















A lua e o Domi

Ontem a caminho de casa, contemplei uma lua linda. Ainda agora tentava lembrar de algo que lograsse afastar a experiência que foi aquela visão. Continuo na tentativa. A imagem daquela lua está impressa na minha retina. E não posso retirá-la. Fecho os olhos e encontro-me com ela. Olho no olho, como se partilhássemos um momento só nosso e que ninguém mais pudesse ver. Tenho a imagem de uma lua só minha, em exclusivo. É uma sensação de estar a particularizá-la.

Quisera que todo mundo a tivesse visto assim imponente, minha, ou pelo menos, com os meus olhos. Sei que alguém a viu. E não foi qualquer pessoa, foi um admirador inquestionável desse corpo celeste. Sei que viu, tenho certeza que foi olhá-la naquele preciso instante do meu chamado. Em algum momento a contemplamos em conjunto, numa dimensão partilhada a uma certa distância.

Obrigada.

















sexta-feira, 15 de abril de 2011

Assume, é melhor

Sei que foste tu. Sei. Foste tu que fizeste aquilo e que não consegues dizer. Talvés devesses. Já que não podes mudar o que fizeste, não podes sequer apagar o que se inscreveu no teu passado ou contorna-lo. Melhor será dizer, até porque seria impossível manter esse segredo justo para nós.


Lutar contra isso é pior do que assumir as consequências da verdade. Tens a sensação que a verdade persegue-te. É o que acontece na verdade, funciona como um puzzle e as peças tendem a encaixar no lugar certo com tempo e parece que todo universo conspira contra ti até que finalmente és apanhado. Aí percebes que teria sido melhor se tivesses dito, tu, pessoalmente.




Conta... é melhor.

cadê as mulheres fêmeas?

Não percebo essas mulheres que não precisam de laços para se unirem a alguém. Como pode cultivar-se tanto sexo sem amor dessa forma tão reiterada?

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Luxúria

A minha vida é um perfeito equilíbrio, não percebo porque insisto em acrescer sempre algo mais. a luxúria é de facto o pior dos pecados. Quisera eu puder sanar da lista dos meus 7 pecados!!!! Quisera. Metade dos meus problemas estariam resolvidos. Porque querer mais do que já se tem? Viver é foda, ultrapassa qualquer entendimento.

A imagem não era minha

Aconteceu-me algo inédito ao olhar-me ao espelho hoje, não me reconheci. Explico, tive aquela sensação de ver-me e não ajustar-me a minha pele! Era como se aquele conjunto todo de carne, ossos...de mim..não fizesse parte de mim, não me formasse de todo. Não sei.

Alguns pedaços se perdem ao longo do percurso complicado que é viver. E de chofre somos apanhados numa situação em que o pedaço em falta é tão maior que deixamos de ser nós, assumimos um outro personagem, algo piorado ou melhorado...Com uma certa dose reforçada de surpresa assustamo-nos. E foi o que sucedeu-me hoje, assustei-me literalmente com essa mudança visível ao meu olhar tão desprevenido.

Creio que seja o percurso.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Jess

Queria ter podido escrever-te algo mais iluminado como só tu fazes aos meus dias, não posso no entanto, tu és tão mais que não me permito definir-te ou classificar-te...creio que cairia num erro grosseiro. Não quero minimizar-te ou acrescer-te o que quer que seja, tu já és. Obrigada por fazer parte da minha vida coisinha linda.

Desculpa...

Era muito fácil dimensionar a dor alheia! Ouvia-a todos os dias no seu lamento e decidia por ela que ela só se mantinha naquela situação por opção. As suas alternativas eram tantas e ela escolhia justamente aquela que mais magoava. Mas quem era eu para saber o que de facto se passava?




Não poderia saber. Muitas vezes, por erro grosseiro, e sem ter presente uma série de elementos posicionamos-nos em julgamentos algo fúteis. Julgamos. Não. Condenamos mesmos. Pior é que é sempre sem provas conclusivas. Partimos de uma única permissa e formamos o silogismo.




Como poderia eu ter tanta convicção em problemas tão estruturais?




Eu conhecia só a ponta do iceberg e no entanto gritava o tamanho de todo iceberg. Ela sabia melhor do que eu, do que ninguém o que se passava naquela relação.




Ademais, é certo que cada um suporta o fardo que lhe se ajusta. Ela saberia de certo a melhor resolução daquilo que eu decidira sem permissão ou capacidade. Nada me conferia legitimidade para tomar por meu um problema alheio. De onde eu tirava tamanha ousadia?




Hoje, soube com relutância que sim peri-peri no cú do outro é chocolate. Desculpa.








Ficaram

Todas vezes que ele insistia em ir-se embora, aqueles olhos grudavam nele. Aqueles olhos húmidos, quase de apelo. Aqueles olhos de flashback. Ai, quando ele se recordava da história deles, permanecia imóvel. E não era porque ele tivesse algo a acrescer aqueles minutos que tinham o peso brutal da decisão. permanecia ali, impávido e sereno. Nunca tivera coragem para enfrentar o depois deles dois.

Pensava

E se se arrependessem no futuro ou no minuto seguinte,

E se conseguissem viver um sem o outro, isso era o que mais doía..sangrava...era uma dor física, assim como um murro na boca do estômago...

Sim doía...custava imaginarem-se nos braços e abraços de outras vidas, outras pessoas...outras...Como poderiam conceber uma outra história para além da deles e ainda por cima associada a eles? Como reduziriam aquelas promessas todas? Como?

Desistir era um fardo demasiado pesado para carregar. Então ficavam com a promessa de mais amor enquanto o amor existisse. Afinal, sobravam tantos sentimentos! Então, ficariam por mais essa eternidade enquanto o amor durasse.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Verdade versus Mentira


Eu lido melhor com a verdade do que com a mentira. Nunca fui do tipo de pessoa que prefere o conto de fadas, todo perfeitinho, sem brechas, sem fendas, sem frestas...Sei que viver é por si só complicado e exige outros adereços para sobrevivência. Mentir as vezes é necessário, digo, necessário para salvaguardar um bem maior. Porém, é imperioso que passada a tempestade, assumamos uma postura que nos difere dos demais mortais, dizendo a verdade.


A verdade é sempre melhor que a mentira, e acreditem, não há humilhação maior do que ser descoberto. O sensato é contarmos nós mesmos, em primeira mão, a nossa versão dos factos, usando o nosso tom de voz, emprestando um certo ar de culpa ao nosso discurso...De certo as atenuantes são maiores e absolvição é quase garantida.


Se é o outro a descobrir, ao facto já está agravada a conduta de não termos sido nós a contar. A maior parte das vezes, a pessoa que nos conta a verdade é que conta. Imagina se for a pessoa que nos mentiu??? Não nos restará alternativas senão perdoar. Claro que não é automatico. Mentiras ferem, magoam e mais do que isso, quebram a confiança e o ele que existia.


Sempre achei que a conquista apresenta-se sem qualquer valor diante da reconquista. Só um homem tino é capaz de reconquistar. Conquistar até um tolo pode fazê-lo. Quem é capaz de reconquistar tem o mundo a seus pés.


Estranhamente, todos os mentirosos têm a mesma atitude, recusam-se a primeira descoberta e exigem que a pessoa enganada argumente até a exaustão, colha e reúna provas que o confrontem de modo que fique sem saída. Porque tamanha estupidez!!!


Durante anos imaginei que as pessoas que tem por hábito mentir (não falo dos mentirosos compulsivos), acreditassem que fossem mais inteligentes que as suas presas. Absurdo, de loucos!


Mais hediondo ainda, é o facto de acrescentarem outras mentiras a sua mentira. Na tentativa de construir cenários ou afastar evidências. Fica sempre pior. As vezes aquela última mentira é que torna o resto monstruoso.


Numa coisa há que entrar em concordância: é impossível mentir para todo mundo o tempo todo. Há sempre um furo e alguém descobre.


Sei no entanto, que mentir acontece-nos. É humano e nos humaniza. Mas permanecer na mentira tira-nos toda humanidade. Não passando de seres irracionais e sem nenhum propósito....

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Só mais uma vez

Foi um momento elaborado ao pormenor. Quando chegou a hora do encontro, o mais esperado encontro, o meu corpo já estava preparado para receber-te que não houve tempo para saborearmos o vinho escolhido tão a propósito. Haviam urgências a serem sanadas. Não podia dar-me ao luxo de outros gostos antes do teu, era a ti que queria saborear, comer...e tinha fome. Muita...

Tinha que me livrar da roupa, fí-lo sozinha, ultrapassei a delicadeza que se espera de uma dama, esperei sem paciência visualizar o teu corpo nu, era de uma beleza teu corpo nu, até soava a arrogância tê-lo sempre coberto. A expectativa de teu corpo nu, driblou o frio que havia naquele quarto...preparado com uma precisão matemática. Sim, havia ao detalhe tudo que era necessário para que a nossa fusão se operasse.

Estavas finalmente nu e eu completa e definitavamente molhada, eram cheiros que se intensificavam na mistura de secreções e exaltações de presenças. Mais parecíamos estar na arena, nós, gladiadores do amor, aquela fome, aquela vontade...Nós. Era um misto de força e delicadeza.

Podia até ser que se resumisse a sexo aquele momento, sem promessas de repetição. O que permanece no entanto, é o que senti e que guardo, ainda que não voltes.

quarta-feira, 30 de março de 2011

o sonho

Nunca um sonho fora dessa violência colossal. Acordei banhada em lágrimas. Doia até ao último quarto do meu ser. uma dor que dilacerava e entranhava a cada vez que me lembrava de ouví-lo dizer adeus. A convicção nas palavras dele, afastava qualquer possibilidade de se tratar de uma mentira. E estava ali ele, a minha forma masculina, aquela que procurei enquanto me entretinha com ajustamentos ou simpatias epidérmicas. Tê-lo ali, ao alcance da mão e ouví-lo dizer com prazer que tinha encontrado a mulher da vida dele, não eu, era mais do que um ser humano poderia suportar. Era demais...

terça-feira, 29 de março de 2011

Juntos


Era mais do que uma corrente que prendia ela a ele, era uma história que estava impressa na retina, como se tudo que eles pudessem ver se circunscrevesse a eles mesmos. Era uma história sem precedentes. Não se podia comparar a outras já vividas por outras pessoas, personagens...Era a história deles e não outra.


Tentaram sem sucesso apartar-se um do outro, mesmo quando seus olhares insistiam em grudar-se húmidos. Haviam imposições categóricas que afloravam a separação. Não dependia deles. Tinham de despedir-se. Mesmo tendo tido a melhor preparação para aquela hora fatídica, não passou de um ensaio que não se executava de todo. Como poderiam eles abandonar a única pessoa que amavam?


Não se tratavam de pedir-lhes que desistissem um do outro, mas cessar de existir porque ambos não concebiam a possibilidade de viver num mundo onde um não existisse. Amarem-se não era uma questão passível de negociação, se lhes impunha e era absolutamente irracional imaginar que fosse possível outro tipo de vida que não aquela em que eles eram um.


Permaneceram ali, longas horas...Como tinha sido no princípio...E desistiram de tentar...E permanecem lá no lugar do primeiro olhar.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Eu até sei

Não é que não visse o óbvio. A minha vontade de amar é que era tanta que se me impunha a necessidade de permenecer. Ali, impávida e serena. Talvés na esperança de que algum milagre se operasse e tu me visses como eu te vejo ou talvés na esperança que tudo passe e fique apenas uma lembrança ténue de ti. Não imagines tu que eu não saiba. Sei com uma precisão matemática que as vezes me deixa constrangida. Porque convenhamos, a saber-te como sei, o minímo que se poderia esperar de mim era que corresse a sete pés e fosse viver onde tu não existisses. Eu ainda estou aqui. Não há critérios para valorar esse comportamento que mais parece um capricho do que essência. Como também não segue nenhuma racionalidade em termos de lógica. É só algo que não consigo evitar ainda que nocivo a saúde.

Levas sem querer ter

Como podes tu beijar-me e olhar-me com esses olhos húmidos para depois insistir que não queres compromisso? Como podes tu fazer amor com tanto fervor e depois dizer-me que tens um monte de mulheres com quem partilhas o mesmo? Como consegues tu tocar-me com tanta convicção e depois assumir que não tem a miníma importância? Porque eu não consigo fazer-te o mesmo? Ridículo... Permaneço nessa insistência mesmo nessa agressão de honestidades. Onde é que aprendes a ser tão honesto? Essa honestidade violenta, que não poupa. Que tipo de honetidade é essa que só distrói? Era o contrário que se devia impor. Uma honestidade que constrói e não essa que despedaça, que torna o outro lixo, sem alternativas, sem perspectivas. Não entendo essa modernidade em que não se cultiva o duradoiro. Tudo é de uma fugacidade esmagadora. Como se a vida fosse uma soma de instantes e não um caminho que se precise de atravessar para alcançar um propósito. Tens tanto medo de ser que vives sem sequer saber o que és. Que mundo é esse o teu em que só te importas com números? Com quantidade? Não te ocorre preocupares-te com dor alheia? Porque cativas-me tão continuamente se o que queres é nada? Porque então exiges atenção de mim se não és capaz de dar amor? Eu não consigo entender-te.

Eles dois

Era tudo no perfeito encaixe. Como se tivesse sido feito de mesmo material, de mesmo tecido, de mesma fábrica. Tudo alinhava-se em harmonia como se um precisasse do outro para ganhar a real forma e assumir a totalidade. Não havia forma de ver um sem aperceber-se que faltava o outro. Era cristalino. Chegava a ser violenta aquela ausência pronunciada. E era demasiado brutal assumir que se afastasse algo que não possa ser dissossiado. Não sei por quanto tempo permiti-me suportar a visão de tamanha aberração. Não sei. O que se clarifica aqui é que foi tempo suficiente para quebrar meu coração.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Cinzento

Hoje estou naqueles dias cinzentos em que tudo parece meio.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Roubaram um bjo

E se aparecesse alguém de chofre e me beijasse a boca?
Ias gostar?
Para mim, um beijo é só beijo se for beijado contigo. Então, eu não entendo, como te pudeste permitir esse beijo alheio a mim? Como ousaste colar em outros lábios? Como conseguiste sentir outra respiração que não a minha?
Não entendo e não compreendo.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Paixão

Eis que me sentia infantil de novo. Como se tivesse se operado um retorno aquela infância onde tudo que se sente é sem precedentes e por isso de uma violência brutal, descontrolado. Quisera puder organizar-me nessa confusão em que esta a minha cabeça. Estou a flor da pele.
Nada nessa intensidade é novo, mas sempre parece.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Esperar

A minha relação com a espera nunca foi das melhores. Sinto que estou em perfeita sintonia com o movimento, com o efeito evolutivo de algo que posso controlar e decidir.
A palavra chave "controlar." pode soar de um egoísmo sem tamanho, é no entanto, maior do que eu, e não posso evitar.
Quando me lembro da espera nos aeroportos...desgasto-me toda, a nível da úlcera. Essa é uma espera que inclui no pacote atrasos, imprevistos...Que ideia atroz!!! Imagina só dez horas...esperando..Horrível...Empresta uma certa seriedade a diversão.
Esperar!
Odeio
Esperar por um amor é tortuoso. O tempo não passa, os segundos correm lentos e a hora não chega...Tarda séculos.
Na maternidade!!! É sem dúvida o local onde a espera é mais dolorosa, arriscaria a dizer espera = dor.
Nessas esperas todas o que há de comum é que valem o sacrifício. No fim há sempre algo maior que conseguimos. Voltamos para casa, conhecemos lugares novos, revemos pessoas que amamos, amamos e damos vida.
Dar vida!!! Divino. Penso que essa capacidade aproxima as mulheres de Deus, assim como se elas fossem seres supremos. Não quero aqui minimizar a contribuição do ser masculino, o macho, mas temos que convir que alimentar, guardar, cuidar é mais complexo do que fornecer uma semente para que a fecundação se opere. Sim...Concordo que sem a semente tudo o resto não fosse possível...sei...Porém, manter a semente até a transformação obedece mecanismos estruturais.
Mulheres, sintam-se... seres superiores.
Eu sou.

Ainda aqui

Queria puder seguir-te. Até porque já te perdooei. Só não sei o caminho de volta. Hoje tive saudade daquele tempo que amavamos olhar-nos, em que era impensável não ter insônia se não nos ouvíssemos. Eu estou aqui ilesa, meu amor resistiu, não era assim tão frágil. Aguardo agora, que a tua dor se cure ou se torne uma lembrança ténue. então estarei aqui, tua... como sempre foi.

terça-feira, 8 de março de 2011

Irritante essa moda de zangar

Eu ainda não consigo entender as pessoas que insistem em cultivar mágoas, e por mais que eu tente é como se girasse em torno de um ciclo vicioso e voltasse ao mesmo ponto. E não é que sinta menos dor, só que aprendi que melhor maneira de ser e estar é cultivando o perdão. Levo isso tão ao pé da letra que quando me sinto zangada com alguém, digo muito zangada, devo fazer um esforço para me lembrar do que essa pessoa me fez. Sei, atingi o nirvana e amo demasiado as pessoas para perder tempo, que já é demasiado curto para insistir-se em "birrinhas" sem propósito.
Se pretendem continuar sendo meus amigos, e se me zangar convosco, deia-me só 48h e voltem a procurar-me. Terei feito o refresh...E...poderemos recomeçar.
Não me permito mais perder um amigo, ou o meu amor. Houve uns que perdi (amigos) e que já não recupero mais, o tempo se encarregou de afastar-nos. Os que ficaram preservarei como só aos tesouros.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Tudo que tenho

Há duas semanas eu não sabia que pudesse estar nessa felicidade. E é uma felicidade desesperada, sinto que vivo momentos plenos de sentimentos nobres. coisas se concretizam, projectos se afirmam, o amor se confirma. haverá melhor que isso? ainda que amanhã tudo caia, queime, lembrarei deste momento em que nada me escapa a mão e tudo são certezas. Hoje, sei.
Hoje, enquanto escutava uma música e enquadrava-me nela, saboreei-a, sim, algo como um sabor agridoce, era tão bom, muito bom. Será que tu já ouviste uma música e saber-lhe o sabor? Pois, eu já, as vezes até associo a cores, normalmente é vermelho, vivo, que dá a sensacão que corre.
Está tão claro. Adoro.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O bar, aquele bar e não outro

Ia muitas vezes aquele bar. E não era pela bebida, isso posso garantir, havia uma sorte de razões para minha insistência, justo a aquele bar e só aquele, havendo no quarteirão inteiro tantos outros.
Poderia alicerçar várias teses, mas uma é que melhor se adequa a situação, a de normalmente o atendimento ser de uma precisão militar, facto que emprestava uma certa seriedade a aquele local tão mórbido, que já quase ninguém se dignava a ir. As vezes penso que essa insistência se prendia ao facto de repetir-me em solidões entre aquela pouca gente. Eu encontrava-me nessa solidão. E conhecia-me.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Bom ano para todos que passeiam por aqui

Amigos meus,

Depois de um longo período de ausência, eis-me aqui novamente. Vim para ficar, prometo. Quase morri de saudades de teclar.

penso em 2011 como um ano dos acertos e para comprovar o que digo, mudei de emprego. corajoso, sei.

Bom ano para todos.